1.- O que significa a palavra Islã e quando surgiu o Islã?
A palavra Islã quer dizer entrega, abandono de si mesmo a Alá. O Islã é a submissão à Alá. O Islã aparece no ano 610 da era cristã no deserto arábico. Foi fundado por Maomé, embora os muçulmanos não aceitem isso; para eles não foi Maomé, mas Alá quem fundou o Islã através dele. Maomé não é o equivalente a Cristo. Jamais Maomé afirmou ser Deus, mas sim o transmissor da revelação que Alá traz aos homens. O nome de Maomé significa em português nome Maomé significa em espanhol: o elogiado, o enaltacido.
2.- Os muçulmanos são cristãos?
Não. Eles não acreditam que Jesus Cristo é Deus. Para os muçulmanos Deus somente é um, portanto não aceitam, nem aceitarão a Santíssima Trindade, à que consideram como uma blasfêmia contra Alá, o Único. Só aceitam a Jesus como um profeta anterior a Maomé.
3.- Em que acreditam? Eles têm algum credo?
Eles acreditam acima de tudo que há um só e único Deus. Têm uma espécie de credo que o proclamam cinco vezes por dia: o almuadem que diz: "Não há nenhum deus a não ser Alá.
Muhammad é o Enviado de Alá!" Isto é o que uma pessoa tem que acreditar para se converter em muçulmano. Em árabe Deus se diz Alá (Allah).
4.- Por que se vê tão freqüentemente a cor verde no Islã?
A cor verde é a cor do Islã. Maomé a elogia e os muçulmanos acreditam que as almas dos mártires do Islã entrarão no Paraíso sob a forma de aves de cor verde.
5.- O Islã tem alguma escritura sagrada?
Sim, o Corão ou Alcorão. A palavra Corão significa leitura, proclamação. Para os crentes muçulmanos o Corão é o livro sagrado onde são recolhidas as palavras de Alá, comunicada a Maomé pelo arcanjo Gabriel como mediador. O Corão é formado por 114 suras ou capítulos e tem 6.226 versículos. Os capítulos do Corão estão ordenados do maior para o menor, exceto a primeira sura que é uma súplica à Alá e as duas últimas, que são fórmulas mágicas para proteger o texto sagrado. As suras ou capítulos não têm uma ordem nem lógica nem histórica. Tratam-se de muitos temas e inclusive faz referência acontecimentos do Antigo Testamento da Bíblia. O Corão foi impresso pela primeira vez na Europa no século XVI, e em terras muçulmanas, no ano 1787. Em 1923 no Cairo fixou-se o Corão atual para o todo o mundo islâmico; que o fez foi o rei Fuad I, é a chamada edição do rei Fuad. Os muçulmanos não gostam que o Corão seja traduzido à outras línguas já que, segundo eles, isto faz perder o feitiço misterioso que lhe dá a língua árabe.
6.- Por que sempre vemos essa unidade entre Islã e política?
Nisto há uma diferença grande entre nós cristãos. Para nós a fé é uma opção pessoal e uma graça de Deus, ao contrário, mo mundo muçulmano Islã e política é o mesmo, andam unidos.
Têm neste aspecto um sistema que tenta ser teocrático.
7.- O Islã tem sacerdotes, igrejas, sacramentos, como na igreja católica?
Não. Não existe nenhum tipo de sacerdócio nem sacramentos nem casta sacerdotal. Os leigos são os que realizam as diversas ações do ritual islâmico. Não têm nenhuma hierarquia nem magistério. Quando ouvimos falar de visires, aiatolás, muftis, cadis, imanes, ulemas, xeques e almuadens, etc… estão falando de pessoas que para o mundo muçulmano ostentam um poder e um prestígio espiritual muito real, mas não podemos conceber-lhes como sacerdotes. Não têm igrejas. Têm mesquitas que são lugares de reunião para adorar e lugares de prostração. Um muçulmanos vai à mesquita não só para orar ou para escutar a pregação do Corão, mas também pode ir para discutir política, para fazer um sesta ou trocar impressões sobre diversos assuntos, inclusive coisas sem maior importância. Para os muçulmanos tem grande importância o sentido de pertença uma comunidade: a do mundo muçulmano.
8.- Que calendário os muçulmanos usam?
Existem vários calendários. Os cristãos usam o calendário gregoriano que é o solar. Os muçulmanos utilizam o calendário muçulmano, que é lunar. Eles contam os anos a partir da Hégira (a Hégira é a viagem que Maomé faz de Meca à Medina) no ano 622 de nossa era.
Para os muçulmanos o calendário hegiriano começa em 16 de julho de 622. Para passar de um calendário a outro deve-se fazer uns simples cálculos. Para passar do calendário muçulmanos ao calendário gregoriano (ao nosso), multiplica-se a cifra do ano por 0,97 (diferença entre o ano lunar e o solar) e soma-se 622. Vejamos um exemplo: O ano 1420 da era hegiriana é 1420 x 0,97 = 1377 + 622 = 1999 de nossa era. Passar do calendário gregoriano ao calendário muçulmano faz-se da seguinte maneira: subtrai-se 622 da cifra do ano e divide-se por 0,97: O ano 1999 da era cristã é 1999-622 = 1377:0,97 = 1420 da era hegiriana.
9.- Como uma pessoa se converte ao Islã? Há também o batismo ou algum rito de iniciação?
Os muçulmanos não têm nenhum tipo de batismo para integrar-se à fé muçulmana. É necessário somente que uma pessoa recite o credo muçulmano que é muito simples e muito fácil de lembrar e que diz: "Não há outro deus que Alá e Maomé é seu Enviado" (7,158). Isto é suficiente. Nisto, já vimos, é o que acredita o Islã como sua base e único dogma. Quando uma pessoa recita esse credo perante duas testemunhas e expressa sua vontade de ser islâmico já forma parte dessa comunidade.
10.- Em matéria religiosa, o que pensam os muçulmanos dos cristãos?
Eles acreditam que nós adoramos a três deuses (Mistério da Santíssima Trindade).
Entendem que o cristianismo é uma deformação; é mais, os muçulmanos acreditam que eles são os autênticos discípulos de Jesus, os únicos que compreenderam a doutrina e que lhe são fiéis. Em vários países islâmicos está proibida a edição, a comercialização e inclusive a leitura da Bíblia sob pena de prisão. O buscar adeptos para o cristianismo está castigado inclusive com a pena de morte. Os muçulmanos dizem que nós falsificamos a palavras de Deus.
11.- Qual é a lei pela qual é regida o mundo muçulmano?
Eles têm uma lei chamada Sharia. Em muitos países árabes a Sharia foi institucionalizada como a única lei exclusiva que rege a vida dos habitantes e dos visitantes desse lugar.
Sharia significa o caminho ou a rua. É portanto o caminho pelo qual percorre um crente para fazer a vontade de Alá. São como uma espécie de mandamentos que os muçulmanos têm que cumprir. Muitas pessoas não muçulmanas estranham quando vêem as prescrições até nas mais mínimas coisas, que tem que realizar um crente em Alá. A Sharia tem sua base no Corão. Para as coisas que não vêm indicadas no livros sagrado, eles dispõem da Sunna ou tradição, que é a que vê o que deve fazer cada muçulmano nos atos não previstos no Corão. A lei é administrada pelos teólogos, em especial nos países que adotaram a Sharia como lei.
12.- Que obrigações tem um muçulmano?
Tem cinco obrigações:
1. Recitar a shahada ou credo muçulmano: "Não há outro deus que não Alá e Maomé é o enviado de Alá!" Os almuadens a proclamam dos minaretes cinco vezes ao dia. Os crentes têm que repeti-la ao longo do dia.
2. Fazer as preces de manhã, ao meio-dia, ao anoitecer e pela noite. As preces são feitas individualmente, exceto na Sexta-feira ao meio-dia , que é quando os homens devem reunir-se na mesquita. Deve-se fazer em língua árabe, sobre um tapete, descalço e voltado para Meca. Há que se purificar lavando-se com água ou areia. O estado de impureza legal da mulher -a menstruação- a dispensa de rezar, de fazer o ramadã e da peregrinação. Às sextas-feiras ao meio-dia os homens vão à mesquita para a oração, presidida ordinariamente por um imane, que é como um delegado da comunidade. O imane de cada mesquita é eleito pelas pessoas do bairro.
3. Dar a esmola legal. Há três classes de esmolas:
- esmola legal: é a única obrigatória, que vem a ser como uma espécie de imposto religioso.
- esmola particular: o Corão fala dela com freqüência e que deve-se dar inclusive a um não muçulmano.
- as doações feitas para favorecer o Islã: construir mesquitas, escolas corânicas, beneficência, etc…
4. O ramadã. O jejum anual. Durante o mês do ramadã os muçulmanos têm o dever de jejuar, ou seja, não comer, nem beber, nem fumar, nem manter relações sexuais, desde o amanhecer até o ocaso. A partir deste momento, o jejum finaliza e tudo o que é proibido voltar a ser permitido. O jejum tem quase o mesmo sentido que a esmola: o desprender-se dos bens deste mundo pela privação.
5. A peregrinação à Meca. Deve fazê-la todo muçulmano de que tenha boa saúde e que disponha de meios econômicos, pelo menos uma vez na vida. Ali realizam três ritos fundamentais:
- Dão sete voltas no santuário em sentido contrário ao percurso solar e logo percorrem sete vezes em caminho de ida e volta o espaço que separa as duas colinas que a rodeiam.
- Aos oito dias vão à planície de Arafat a 25 quilômetros de Meca, onde passam rezando todo o nono dia. À noite vão à torrente de Mina e ali todo mundo lapida três estrelas que representam o Diabo lapidado. Então são sacrificados os cordeiros.
- A veneração da Pedra Negra.
Para muitos muçulmanos há, além destas cinco prescrições, mais uma: a chamada al-yihad ou Guerra Santa. Nem todos os muçulmanos pensam assim. A Guerra Santa é considerada como uma obrigação do conjunto da comunidade muçulmana e não como um dever individual.
13.- Que outras diferenças existem entre os muçulmanos e os cristãos?
São muitas as perspectivas e a forma de entender a pessoa humana. Ambas religiões partem de postulados totalmente diferentes, por isso as diferenças são muito acentuadas. Vejamos algumas delas:
O Islã não vê com bons olhos os solteiros, inclusive desfavorece o celibato e o vê como algo negativo. A sexualidade é para passar-se bem, principalmente o homem. A vida solteira é sinônimo de egoísmo e de esterilidade. Os muçulmanos pensam que no Paraíso no além, cada homem muçulmano desfrutará eternamente de quatro belas huris.
Os matrimônios não são nem um sacramento nem um matrimônio civil. É mais parecido com um contrato de compra e venda. Não esqueça que o Islã também dá ao prazer carnal um sentido religioso. Têm um matrimônio forçado, onde a mulher não escolhe seu marido mas sim um terceiro quem os une. A mulher só pode herdar a metade em relação ao homem. O marido pode repudiar a mulher quando quiser e não tem que dar contas a ninguém de tal decisão. Têm também um tipo de matrimônio que poderíamos chamar de temporário, já que pode ser contraído por meses, semanas ou dias.
As mulheres muçulmanas são proibidas de contrair matrimônio com um não muçulmano. Se uma muçulmana apaixonada por um cristão quiser se casar com ele, o cristão deve antes se tornar muçulmano.
Os homens muçulmanos podem se casar com uma mulher judia ou cristã. O cristão ao contrário não pode se casar com um muçulmana.
A família é muito valorizada e é o núcleo forte do Corão
Aceita a poligamia.
No direito do muçulmano, um cristão não herda jamais de muçulmano; reciprocamente, o marido muçulmano não será nunca herdeiro de uma mulher cristã.
14.- Outros elementos que diferenciam o mundo muçulmano do mundo cristão.
O apedrejamento da mulher em caso de adultério provado.
A mulher islâmica é obrigada a usar o véu (o hiyab ou shador); o motivo é para que a mulher muçulmana esteja protegida dos olhares perversos dos homens. Nos países fundamentalistas é totalmente obrigatório, já que acreditam que as mulheres que não usam o véu são depravadas, como é o caso das cristãs...
Tudo no mundo muçulmano tem um componente religioso. O comer também. Eles distinguem os alimentos entre puros e impuros. Não comem carne de porco nem seus derivados, em especial sua gordura.
Não tomam bebidas alcoólicas em, supostamente, drogas.
Os ladrões tem suas mãos cortadas.
A apostasia do Islã é um ato grave sancionado com a pena de morte.
15. O que diz a Igreja à respeito do mundo muçulmano?
A Igreja olha também com apreço aos Muçulmanos que adoram o único Deus, vivente e subsistente, misericordioso e Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra, que falou aos homens, cujos desígnios ocultos procuram também submeter-se com toda a alma, como se submeteu Abraão a Deus com quem a fé islâmica se relaciona. Veneram a Jesus como profeta, embora não o reconheçam como Deus; honram a Maria sua Mãe virginal e às vezes também a invocam devotamente. Esperam também o dia do juízo, quando Deus remunerará a todos os homens ressuscitados. Portanto apreciam a vida moral e honram a Deus sobretudo com a oração, as esmolas e o jejum.
Se no transcurso dos séculos surgiram não poucas desavenças e inimizades entre os cristãos e Muçulmanos, o Sagrado Concílio exorta a todos a que, esquecendo o passado, procurem sinceramente a mútua compreensão, defendam e promovam unidos a justiça social, os bens morais, a paz e a liberdade para todos os homens.